A revista nos blogues
Tempestade Num Copo de Atlântico
Sou dos que viram na referência de Pacheco Pereira à Atlântico (primeiro em crónica, depois em post) um mero ajuste de contas. Há muitos anos que o leio, mesmo antes de haver blogosfera. Cheguei a dar-me ao trabalho de comprar o DN para manter o vício. Orgulho-me de ter escrito no Pulo do Lobo, o blogue cavaquista onde ele era a estrela da companhia.
Mas desta vez Pacheco Pereira não tem razão.
Na paisagem cultural da aldeia, dominada pela esquerda, a Atlântico foi uma pedrada no charco. Disse coisas, trouxe assuntos, lançou nomes que até aí só eram lidos em blogues ou em erudições clandestinas (o João Miranda, por exemplo). Tornei-me ávido consumidor desde o primeiro número. Oportunamente, enviei à então directora Helena Matos um artigo que ela teve a imprudente amabilidade de publicar.
Se hoje a revista conta entre os colaboradores algumas pessoas de quem Pacheco Pereira não gosta, e tem esse direito, surpreende que os veja a todos como "forças à disposição de Portas". O seu companheiro de partido Vasco Rato será "portista"? Ou Constança Cunha e Sá? Ou Maria Filomena Mónica? Ou Fátima Bonifácio? Ou Rui Ramos? Ou Luciano Amaral? Ou Pedro Lomba?
E se fossem? Isso diminuiria a qualidade da revista ou a urgência do combate - que eu julgava ser também de Pacheco Pereira?
Note-se que estou à vontade na matéria. Não morro de amores por Portas nem pelo PP, e já o repeti aqui e ali. Mas sei distinguir o acidental do essencial. E uma prova da boa onda da Atlântico é que tem dado enjoos às pessoas certas: jornalistas fracturantes, esquerdistas líricos, maçonzinhos trauliteiros e o Daniel Oliveira.
A Atlântico pode melhorar? Sem dúvida.
Não é a Spectator? Ainda não.
Cede por vezes à facilidade? Temo bem que sim.
Ganharia em abrir-se à esquerda civilizada (Pedro Caeiro, Bruno Cardoso Reis, Pedro Oliveira, entre outros)? Com certeza.
E se Pacheco Pereira desse uma ajudinha?
Pedro Picoito no blogue A Mão Invisível
Paulo Pinto Mascarenhas
|
03:07
|
6 comments