Paulo Pinto Mascarenhas | 16:21 | 2 comments
sexta-feira, abril 28, 2006
Não se esqueça: está nas bancas
Pedro Ferraz da Costa sobre a crise em Portugal e no actual CDS
José Medeiros Ferreira escreve contra o desmantelamento do Estado
M. Fátima Bonifácio sobre a responsabilidade da Europa no Irão
Luciano Amaral defende a intervenção aliada no Iraque
José Pedro Zúquete publica reportagem-ensaio em Jerusalém
Alexandre Soares Silva apresenta aos leitores as suas duas leis morais
Margarida Bon de Sousa sobre a visita de José Sócrates a Angola
Carla Quevedo e Paulo Tunhas sobre o caso Margarida Rebelo Pinto
Vasco Rato contra a posição do PSD e do CDS na questão das quotas
João Pereira Coutinho sobre a vida amorosa dos ditadores
Pedro Lomba pede respeito pelos direitos dos hipocondríacos
Maria Filomena Mónica diz o que pensa sobre a Família
Fernando Sobral critica a cultura da esquerda no séc. XX
João Marques de Almeida escreve sobre as legitimidades pós-revolucionárias
E muito mais...
Paulo Pinto Mascarenhas | 02:16 | 3 comments
E para matar saudades do Rodrigo
O Marialva
Enologia e o excesso de citações
por Rodrigo Moita de Deus
Há poucas coisas que me agastem mais que um enólogo. Em bom rigor a minha alergia não é com os enólogos mas com os emproados candidatos ao lugar. Todos quantos entornam a sua erudição vinícola por cima de quem apenas lhes faz companhia à mesa. Desassossegados nos seus lugares, ansiosos por partilhar com a audiência saberes mais recentes que os sabores.
Entre garfadas e um trago de vinho, lá vazam a cabeça de milhentos irrelevantes pormenores sobre a genealogia e a palidez da pinga.
Garantem-me que está muito em voga tirar um curso sobre a matéria. Eu, por outro lado, sempre fui um autodidacta. É claro que acredito no estudo aprofundado. Ainda assim um dos avessos à excessiva especialização é a pertinácia com minudências. Como se a estirpe da rolha fosse mais importante que o aconchego de uma golada bem dada. E, aqui entre nós, confesso sérias dúvidas sobre as minhas habilitações. Se no exame tiver de provar bom vinho e depois cuspi-lo para uma taça, então estou chumbado de certeza.
É claro que gosto de vinho. É claro que sinto orgulho e peito feito passeando pelos corredores dos supermercados notando que poucos ali param que já não me tenham passado pelo goto. Mas ao contrário de um enólogo, capaz de identificar a estirpe ou a data de nascimento pelo aroma, a mim vem-me à cabeça a noitada e os amigos com quem estava. Às vezes até sou capaz de lhes identificar o ano.
Branco ou tinto? Cheio! Cheio porque o vinho fica algures entre o caminho e a desculpa. Vinho gosta-se sempre. E mais ainda quando puro e genuíno. Não é para ser examinado. É para ser bebido. Vinho não é para ser exibido. É para ser partilhado. E para todos quantos leram distraídos esta crónica, relembro-vos que o tema eram as enfadonhas demonstrações de sapiência em género de citações em textos de terceiros.
Rodrigo Moita de Deus escreve a coluna "O Marialva" em todos os números da Atlântico
Paulo Pinto Mascarenhas | 02:01 | 0 comments
Reler a Atlântico
À Esquerda
O Outro
Por Bruno Cardoso Reis
Gosto de pensar que sou uma pessoa tolerante. Tolerante ao ponto de escrever numa revista cheia de perigosos autores de direita suficientemente tolerantes (ou talvez irresponsáveis) ao ponto de me cederem uma coluna para escrever o que entender desde que seja à esquerda. Um dever fácil, portanto. E como não começar com o Outro? A noção está no centro da filosofia política de Carl Schmitt, o brilhante filósofo político alemão, não sem razão ligado ao nazismo. Ele defendeu que a política deve ser vista como uma forma de guerra em que o maniqueísmo é inevitável. Há o Nós e há o Outro. Há o Amigo e o Inimigo. Por muito interessante que seja esta abordagem do ponto de vista intelectual – como análise da vida política ou futebolística – levada à letra e à sua lógica conclusão leva à militarização da política e à aceitação da violência como forma legítima de política. A impossibilidade de um regime democrático estável nestas condições não oferece dúvidas. A direita e a esquerda democrática devem portanto rejeitá-la. A convivência com ideias contrárias é o preço, doloroso para alguns, estimulante para outros, de uma comunidade política verdadeiramente liberal, de um Estado de direitos.
Mas o Outro tem outros sentidos. A ideia de fazer do Não-Ocidente uma espécie de vítima universal parece ser o sentido preferido por muitos no contexto actual. O Outro é o fardo do homem branco mas ao contrário; de justificação do imperialismo a justificação da negação de tudo o que possa parecer como afirmação dos valores próprios da Europa, até no seu próprio seio. Entre os defensores deste Outro e deste anti-imperialismo extremo está Perry Anderson no seu livro recente Spectrum e variados articulistas que desde 2001 vêm procurando sinais de progressismos em sítios escuros e escusos na sua New Left Review, também conhecida como What’s Left Review. E é evidente em alguma da esquerda nacional indignada com a falta de sensibilidade a lidar com o Outro no recente caso das caricaturas de Maomé. Pelo menos é assim que me parece que se tem de interpretar certas posições de apelo à auto-censura e ao bom-senso em nome do multiculturalismo. Mas se a esquerda não se uniu em torno da posição (que acho) correcta, ao menos que se tenha dividido.
O Outro como instrumento de análise também me parece ser pouco interessante ou mesmo perigoso. Logicamente nega à realidade africana, asiática ou das comunidades imigrantes na Europa como uma realidade complexa e diversificada, atravessada por tensões internas. É portanto facilmente equiparável à pior forma de culto da Civilização: o monolitismo. E da pior forma de «orientalismo»: a negação de qualquer autonomia significativa ao Outro. O Outro existe em função do Nós, do que nós lhe fazemos ou deixamos de fazer.
O conceito de Outro tem uma grande utilidade política: basta pensar na quantidade de vezes que serviu e serve para justificar apelos nacionalistas à confiança cega nos governantes que nos defendem do Outro. Mas é a negação da política como escolha. E é a negação da esquerda, ou pelo menos da esquerda liberal e progressista com uma agenda de transformação da sociedade. O respeito genérico pelo Outro implica admitir que, subitamente, depois de séculos a questionar a justeza de veneráveis tradições ocidentais, temos de reconhecer que afinal o sapere audere de Kant era uma má ideia, uma blasfémia insensata! (Alguém duvida?) Aparentemente o melhor mesmo é o respeitinho; volta D. Miguel estás perdoado. O multiculturalismo, pelo menos na sua face de respeito cego pelo Outro, de que alguma esquerda parece enamorado como se viu neste caso das caricaturas é uma ideologia fundamentalmente reaccionária. Assenta na ideia de comunidades naturais, orgânicas, imóveis.
Artigo de Opinião não editado do Nº 13 da Atlântico
Paulo Pinto Mascarenhas | 01:40 | 0 comments
quinta-feira, abril 27, 2006
Errata da Atlântico
Quem lê regularmente a Atlântico saberá que quem assina sempre "O Púlpito" é o Tiago Cavaco e não o Bruno Alves, como saiu publicado neste número da revista, por erro de que me penitencio. O Bruno Alves escreve como sempre, isso sim, o "Vinte e Um" (pág. 58). Pelo facto - e por outras gralhas irritantes - pedimos desculpa aos autores e aos leitores.
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:07 | 0 comments
Q&A Atlântico (II)
O discurso presidencial de Cavaco Silva nas comemorações do 25 de Abril foi manifestamente à esquerda, como escreve Vital Moreira no blogue Causa Nossa? Ou foi um discurso que até pode ser visto como tendencialmente liberal, como se infere do editorial de ontem do director do "Diário Económico", Martim Avillez Figueiredo? A ler também o artigo de hoje de Ana Sá Lopes e Maria João Gago no "Diário de Notícias" (UGT sorri, CGTP espera e Ulrich quer mais impostos). Porque será que a esquerda democrática aplaudiu o discurso do Presidente e a direita liberal ficou de pé atrás?
(Respostas para ppm@revista-atlantico.com ou paulopintomascarenhas@gmail.com)
Paulo Pinto Mascarenhas | 14:53 | 1 comments
Serviço público (actualizado)
Para os leitores do Portugal dos Pequeninos não perderem tempo e dinheiro a tentar saber qual é a revista em que o dr. José Medeiros Ferreira escreve o artigo de opinião "Os Estados também se abatem?", com o qual João Gonçalves parece ter concordado, informamos que o referido texto é publicado na pág. 8 da edição de Maio da Revista Atlântico, hoje nas bancas. Temos muito gosto de poder publicar textos de homens livres e sem preconceitos ideológicos como é o caso evidente do dr. Medeiros Ferreira. Todos fossem como ele.
Adenda: Este serviço público passou a ser dispensável, uma vez que João Gonçalves já esclareceu qual a revista - a Atlântico - onde foi publicado o artigo de José Medeiros Ferreira, o que agradeço, assim como as palavras generosas. A referida notícia do "Público" não era também muito esclarecedora sobre a fonte de onde citava com alguma abundância o mesmo artigo de opinião. O seu a seu dono nem sempre é uma regra muito cumprida.
Vamos vivendo e vamos aprendendo.
Paulo Pinto Mascarenhas | 12:46 | 2 comments
quarta-feira, abril 26, 2006
Próximo número da Atlântico é notícia
Congresso: ex-presidente da CIP quebra o silêncio
Ferraz da Costa lança avisos ao CDS
Num artigo de opinião, que será publicado na próxima edição da revista "Atlântico", quinta-feira, dia 27, Ferraz da Costa defende que o congresso do CDS-PP "deveria, na óptica de um observador atento e externo, reformular profundamente o que o partido é, o que defende, o que ataca e, não menos importante, a imagem de que de si próprio projecta". Isto, acrescenta, "se quiser ter um papel importante e deixar de se limitar a participar episodicamente na gestão de um sistema à beira da falência, como parceiro júnior, descartável à primeira dificuldade".
No "Correio da Manhã" de segunda-feira, dia 24.
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:48 | 8 comments
Atlântico associa-se
A segunda Conversa sobre Política Externa, encontros off-the-record com diplomatas em serviço em diversas embaixadas em Lisboa, onde foi conferencista GUILLAUME BAZARD, Conselheiro de Assuntos Internacionais da Embaixada de França, teve um elevado nível de qualidade.
Nesta linha, vamos promover a terceira sessão-debate, desta vez com a presença de JOSÉ MARÍA RODRIGUEZ COSO, Conselheiro Político da Embaixada de Espanha, no próximo dia 27 de Abril, quinta-feira, entre as 18 e as 20 horas, nas instalações do CHRIS, Rua Vieira Portuense, nº 24, 2º, em Belém.
JOSÉ MARÍA RODRIGUEZ COSO, possuidor de vasta experiência diplomática, foi voluntário das Nações Unidas no Médio Oriente e em África e serviu no Líbano, no Golfo (durante a primeira guerra), na Índia e no Bangladesh; e foi cônsul de Espanha em Buenos Aires (Argentina) e em Havana (Cuba).
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:41 | 0 comments
Leituras atlânticas
Como Presidente da República, o Prof. Cavaco Silva sabe que os seus discursos serão sempre interpretados das mais diversas e ínvias formas. Por isso, quando mais vago e generalista, mais interpretações obtém. Hoje, merecem leituras duas das diversas interpretações, ambas de esquerda: uma de esperança liberal progressista, de Martim Avillez Figueiredo (Cavaco, a alternativa); outra mais socialista, de Vicente Jorge Silva (25 de Abril: as surpresas de Cavaco). Interessantes, ambas.
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:33 | 0 comments
Atlântico recomenda (II)
É a Cultura, estúpido!
Hora: 18h30
Local: Jardim de Inverno do Teatro São Luiz
Tema: o Futuro do Humor
Convidados: Rui Tavares e Ferreira Fernandes
Moderador: Nuno Costa Santos
Agente provocador: Nuno Artur Silva
É hoje.
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:31 | 0 comments
Atlântico recomenda
O 25 de Abril foi, apesar de tudo o que aconteceu nos primeiros dois anos, uma das páginas mais bem viradas da história portuguesa.
A fraqueza das ditaduras, por Rui Ramos, no "Diário Económico" de hoje.
Paulo Pinto Mascarenhas | 15:14 | 1 comments
Amanhã nas bancas
Pedro Ferraz da Costa sobre a crise em Portugal e no actual CDS
José Medeiros Ferreira escreve contra o desmantelamento do Estado
M. Fátima Bonifácio sobre a responsabilidade da Europa no Irão
Luciano Amaral defende a intervenção aliada no Iraque
José Pedro Zúquete publica reportagem-ensaio em Jerusalém
Alexandre Soares Silva apresenta-se aos leitores com duas leis morais
Margarida Bon de Sousa sobre a visita de José Sócrates a Angola
Carla Quevedo e Paulo Tunhas sobre o caso Margarida Rebelo Pinto
Vasco Rato contra a posição do PSD e do CDS na questão das quotas
João Pereira Coutinho sobre a vida amorosa dos ditadores
Pedro Lomba pede respeito pelos direitos dos hipocondríacos
Maria Filomena Mónica diz o que pensa sobre a Família
Fernando Sobral critica a cultura da esquerda no séc. XX
João Marques de Almeida escreve sobre as legitimidades pós-revolucionárias
E muito mais...
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:02 | 0 comments
terça-feira, abril 25, 2006
Textos publicados
UMA DIREITA LIBERAL
Por Rui Ramos
Recomendar o “liberalismo” em Portugal já não é, aparentemente, tão grave como fazer caricaturas do profeta. Pode-se, portanto,defender outro modelo social,assente na responsabilidade e participação individual dos cidadãos, sem incorrer na ira do único governo europeu cujos comunicados contam com o beneplácito da República Islâmica. A licença, porém, ainda não se aplica à “direita”. Daí que alguns dos que se sentem tentados pelo chamado liberalismo nos peçam, em nome da causa, que abdiquemos da tese de uma “direita liberal”. Uns gostariam de acreditar que se as ideias liberais são coisa boa, certamente que têm de ser de esquerda - não é desse lado que, conforme se ensina nas escolas, moram todas as virtudes? Outros preferem imaginar o liberalismo como uma espécie de Nova Revelação, destinada a ultrapassar todas as dicotomias, e portanto a dispensar os crentes da necessidade terrena de tomar partido entre esquerda e direita. Uns e outros estão infelizmente enganados. A “direita liberal” é uma fatalidade: para os liberais, e para a direita.
Em primeiro lugar, porque as esquerdas recusam o que, na Europa, chamamos “liberalismo”, e nos EUA se designa, mais claramente, “conservadorismo”. E fazem-no por uma razão fundamental. As esquerdas continuam identificadas com um projecto de transformação da sociedade através do poder do Estado. À esquerda, as tradições históricas e as iniciativas individuais são vistas como uma natural fonte de iniquidade. À esquerda, os minimalistas querem pelo menos “corrigir” a história e a vida, mas ainda há muitos que não se satisfazem com menos do que a substituição deste mundo por “outro mundo”. Todos contam com o Estado Social: para uns é um fim, para outros um meio.
Nem sempre foi assim, e houve tempos em que as esquerdas também quiseram limitar o Estado, enquanto lhes pareceu um instrumento de poder daqueles que se lhe opunham (igrejas, aristocracias). A esquerda é plural, mas apenas no sentido em que o culto do Estado Social permite várias seitas. Se o liberalismo é a defesa da autonomia da Sociedade Civil frente ao Estado, para as esquerdas não pode deixar de estar à direita. A não ser que as esquerdas deixem de ser o que são. Foi o que alguns esperaram em 1989.
Só que não foi o que se passou. A chamada “esquerda moderna”, apesar de alguns êxitos eleitorais, nunca verdadeiramente convenceu muita gente à esquerda. Para alguns, é apenas um disfarce da direita. Porquê? Precisamente por ser demasiado “liberal”. Enquanto as esquerdas existirem assim, a divisão esquerda-direita não desaparecerá, porque a razão desta divisão está no projecto de transformação radical da sociedade que definiu as esquerdas. Esse projecto constituiu até hoje o principal factor de dinamização política no Ocidente. Sem as esquerdas, não haveria divisões fundamentais acerca do destino das comunidades políticas. Isto é, não haveria política, na medida em que a razão e a inteligibilidade da política assenta nessas divisões. As esquerdas constituíram-se como uma “maneira de ser”, uma espécie de religião sem Deus. A recusa de tomar partido nunca salvou ninguém aos olhos das esquerdas: como dizia Alain, quem diz que não há esquerda e direita, é de direita. Por outras palavras, para a esquerda, quem não é de esquerda, está forçosamente à direita.
Tudo isto quer dizer que qualquer ideia, para ser política, tem forçosamente de enfrentar a divisão esquerda-direita, porque é por essa divisão que passam as opções fundamentais. Um liberalismo que recuse essa questão está condenado a existir como uma simples opinião excêntrica para animar conversas em privado, uma espécie de anarquismo giro para quem usa gravata e fato às riscas.
Em Portugal, a ascendência política da esquerda desde 1974 redundou numa demonização da direita. Assumir o lugar da direita tem um preço. Mas não o assumir,também.Como a direita é tudo aquilo que as esquerdas rejeitam, o liberalismo será sempre,em Portugal, de direita, e portanto algo politicamente desqualificado enquanto a direita não se afirmar como um lugar legítimo para fazer política. Se a causa liberal tiver de passar, terá de passar pela direita. Inversamente, a reconstituição da direita como lugar político passa também pela elaboração do liberalismo como projecto político.
Durante os últimos dois séculos, a direita foi o lugar onde ficaram todos aqueles que se opuseram ao projecto da utilização do Estado para fins revolucionários. Uniu-os sobretudo essa resistência, e foi a partir dessa experiência que aquilo a que hoje chamamos “liberalismo” na Europa adquiriu a sua forma actual. É verdade, no entanto, que nem tudo o que se fez à direita contribuiu para isso. Houve quem, para resistir ao projecto revolucionário,tivesse admitido aumentar a autoridade repressiva do Estado,embora sem pôr em causa a autonomia da sociedade civil. Só que uma sociedade civil sem liberdade política permanecerá sempre vulnerável. Houve também o que alguns chamam uma “direita revolucionária”, apostada em combater as esquerdas, mas através de uma revolução alternativa. De facto, nunca passou de uma espécie de esquerda virada do avesso, e dirigida aliás por ex-esquerdistas (como Mussolini). O liberalismo poderá ser a melhor forma de limpar o lugar da direita destas sombras do passado.
A direita não é a esquerda ao contrário, mas o contrário da esquerda. Ao invés da esquerda, a direita não é uma maneira de ser, é apenas uma posição para estar. Ninguém precisa de “ser de direita”. Basta-lhe perceber que, com estas esquerdas, não tem outra alternativa senão “estar à direita” – se quiser ser “liberal”. E também que, para “estar à direita” numa democracia pluralista, o “liberalismo” é o ponto de vista natural.
Artigo de Opinião publicado na Revista Atlântico de Março.
Paulo Pinto Mascarenhas | 22:45 | 3 comments
Roteiro Atlântico no Blogue [25 Abril - 02 Maio]
Conferência Internacional Sobre a Constituição Portuguesa [15h30] – A Constituição Portuguesa no contexto do constitucionalismo actual Instituto de Ciências Jurídico-Políticas da Faculdade de Direito de Lisboa XXVII Encontro da Associação Portuguesa de Estudos Anglo-Americanos 27 de Abril [10h00] - Literary Criticism and the Public Sphere Terry Eagleton (Filósofo e Critico Literário Inglês) 28 de Abril [15h00] - State power matters: power, the state and political struggle in the Post-war American novel Andrew Pepper (Queen's University Local: Hotel Riviera, Rua Bartolomeu Dias – Junqueiro, Carcavelos Organização: Faculdade de Ciências Sociais e Humana da Universidade Nova de Lisboa 02 de Maio [14h45] – Energia nuclear: uma opção para Portugal Patrick Monteiro de Barros (Argus Resources Limited) [15h15] – Produção de combustíveis sintéticos a partir de biomassa florestal pelo processo Ficher-Tropsh N.K. Stollenwerk (Instituto Gulbenkian de Ciências) [15h45] – Eficiência Energética e Energias Renováveis: uma solução de futuro Aníbal Fernandes (Associação Portugiuesa de Energias Renováveis) [16h15] – O ambiente e as energias de futuro Susana Fonseca (Quercos) [16h45] – Energia Nuclear: análise de custos e de resíduos Pedro Sampaio Nunes (ex-Secretário de Estado da Ciência e Inovação) [17h15] – Debate Local: Universidade de Trás-dos-Montes e Alto Douro Quinta dos Prados, Vila Real Organização: Departamento de Engenharia Mecânica
26 de Abril [10h00] – Sessão de Abertura
Jaime Gama; José M. Cardoso da Costa; Jorge Miranda;
[11h00] – Novos horizontes e desafios do constitucionalismo
Rui Moura Ramos; Peter Häberle; Massimo Liciani;
[12h30] – Debate
André Gonçalves Pereira; Pierre Bom; Pedro Cruz Villalón
Local: Fundação Calouste Gulbenkian – Auditório 2
aL | 20:41 | 0 comments
Roteiro Atlântico no Blogue [Notas Iniciais]
À semelhança do que acontece na revista Atlântico, o Blogue contará semanalmente com uma pequena lista de eventos científico-culturais [seminários, conferências, lançamentos de livros e revistas, etc.].
Espero que as escolhas sejam do agrado dos leitores, e aguardo reacções e comentários sobre esses mesmos eventos, bem como informações sobre futuras iniciativas.
Aproveito igualmente esta oportunidade para agradecer [publicamente] ao Paulo Pinto Mascarenhas pelo voto de confiança!
aL | 20:23 | 6 comments
Como me dizia um futuro colaborador da revista
A todos, um Santo 25 de Abril, agora que a ponte já se foi.
Paulo Pinto Mascarenhas | 20:05 | 0 comments
segunda-feira, abril 24, 2006
Calma com a malta Persa
1.Irão? O país mais pró-ocidental da região. Sempre foi assim. Por oposição ao mundo árabe. Este regime é uma coisa; a cultura persa é outra coisa. A Pérsia é anterior ao regime revolucionário actual. Mais: é anterior ao próprio xiismo. E essa cultura começa a saturar-se do regime. Sobretudo os mais novos.
2.O país, aparentemente, está dividido ao meio. Isso foi visível nas últimas "eleições". A juventude não quer saber de revoluções islamitas. Aliás, dá a impressão de que esta recente deriva do regime é um sinal de desespero. Os ideólogos sabem que dificilmente terão seguidores, em número suficiente, na próxima geração. Este ruído é o desespero a falar.
3.Atacar o Irão, agora, significaria pôr termo a esta divisão entre jovens, pró-Ocidente, e velharia, anti-Ocidente. Tenhamos calma. Ainda vamos ter uma surpresa iraniana. Mas positiva. Confie-se na malta cool persa! O regime vai cair de podre.
4.O tempo da política não é o tempo da TV. Tenhamos calma. É muito perigoso pensar política com os neurónios viciados na pressão mediática. E este, aliás, é um dos grandes problemas da política (interna e externa) da sociedade aberta mediatizada: o tempo da política (lentíssimo) não é o tempo da TV (tempo da formiga atómica). No Iraque, por exemplo, o importante era fundar as bases para a Lei. Mas como é que se filma a Lei? Não se filma. Então, fazem-se umas eleições precipitadas que ficam bem no jornal das 8.
Henrique Raposo | 00:22 | 1 comments
domingo, abril 23, 2006
Q&A Atlântico
Resposta de Rodrigo Adão da Fonseca, ao primeiro Q&A Atlântico.
O que levanta uma segunda questão: quem é que tem os tais meios adequados face à atitude iraniana? Eu diria que a resposta do Rodrigo aponta irremediavelmente para os Estados Unidos. Mas, como se depreende do texto de Maria de Fátima Bonifácio no próximo número da revista (dia 27 nas bancas), não será chegada a hora de a Europa - ou a União Europeia - demonstrar que tem os meios para resolver um problema que é, em larga medida, resultado de inoperâncias próprias? Ou seja, depois de abandonar os EUA no "atoleiro iraquiano", em grande parte por discordar do modo como Washington lidou com o ditador de Bagdade, não seria esta a oportunidade de a UE apresentar a sua alternativa política - diplomática ou militar -, perante os países infractores das resoluções das Nações Unidas?
Paulo Pinto Mascarenhas | 23:12 | 4 comments
A propósito do Irão
O IRÃO NUCLEAR E AS CENOURAS EUROPEIAS
por Vasco Rato
Recorrendo a uma panóplia de cenouras diplomáticas, a União Europeia, durante anos, esforçou-se para evitar a nuclearização do Irão. Prometeu generosos “pacotes” de ajuda económica em troca do congelamento do programa nuclear desenvolvido pelos ayatollahs. Prometeu inserir o regime revolucionário islâmico na “comunidade internacional”, pondo, assim, termo ao seu isolamento internacional. Prometeu resolver a questão pacificamente. Há duas semanas, perante a estupefacção das chancelarias europeias, os iranianos responderam, reactivando o reactor de Narataz. A estratégia europeia fracassou porque partia do pressuposto que as intenções do regime eram benignas, e que os ayatollahs utilizavam a questão nuclear para exigir um aumento de ajuda externa.
Não entenderam que o governo iraniano há muito ambiciona estas armas para poder dominar o Médio Oriente. Não entenderam que a hegemonia regional é considerada como uma pré-condição para viabilizar a exportação da revolução islâmica para países circundantes. Não entenderam que os ayatollahs vêem na guerra um instrumento legítimo de política externa. Não entenderam que o expansionismo do regime iraniano leva-o, fatalmente, a procurar a aquisição de armas nucleares. Em suma, os europeus simplesmente não entenderam que o regime iraniano recusa-se a aceitar as regras que pautam o comportamento internacional de Estados normais.
Se os iranianos conseguirem obter armas nucleares, os países vizinhos terão de tomar medidas para garantirem a sua segurança. Podem continuar a recorrer ao “chapéu nuclear” americano.
Em alternativa, podem desenvolver capacidades nucleares autónomas. Qualquer uma destas opções traz maior instabilidade para o Médio Oriente. Crescentemente acossado pelas declarações bélicas do novo presidente iraniano, que pretende que o Estado hebraico seja “riscado do mapa”, Israel dá sinais de estar disposto a agir sozinho para impedir que Teerão desenvolva as suas capacidades nucleares. Para dissuadir Teerão, Israel poderia declarar abertamente que está na posse de armas nucleares. Tal admissão, porém, colocaria pressões irresistíveis junto dos governos da Síria, do Egipto e da Arábia Saudita. Rapidamente, sucumbiriam à necessidade de aderir ao clube nuclear. Por outro lado, a nuclearização do Irão encorajaria os seus aliados – nomeadamente, o Hezbollah libanês – a adoptar posturas ainda mais agressivas relativamente ao Estado hebraico, aumentando assim a probabilidade de uma nova (e destrutiva) conflagração israelo-árabe.
Por todas estas razões, o Irão, fonte da insegurança regional, terá de ser impedido de adquirir armas nucleares. Como? O passo seguinte será levar a questão ao Conselho de Segurança das Nações Unidas. Todavia, a China parece rejeitar a imposição de sanções contra os iranianos, e a Rússia, fornecedor da tecnologia usada pelo Irão para construir os seus reactores, dificilmente dará o seu aval a sanções. A probabilidade de os ayatollahs serem demovidos das suas ambições nucleares através da adopção de sanções é, por isso, virtualmente nulo. Sendo assim, ou se usa a força para destruir as instalações nucleares, ou se aceita a nuclearização do Irão – e as implicações que essa opção acarreta para o Médio Oriente. É evidente que ainda se pode evitar o uso da força militar, e uma invasão e subsequente ocupação do país, como se verificou no Iraque, é manifestamente impossível. Mas um conjunto de strikes aéreos contra as instalações nucleares é viável, se bem que o custo político do uso da força será sempre elevado. Entre outras consequências, a população, incluindo o sector reformista, mobilizar-se-ia em volta do regime. Excluindo obviamente um milagre diplomático, a única forma de conseguir travar as ambições nucleares dos fanáticos religiosos que dominam o Irão parece ser através da força.
Opinião publicada na edição de Fevereiro da Revista Atlântico.
Paulo Pinto Mascarenhas | 23:07 | 0 comments
Q&A Atlântico
O programa nuclear iraniano é um problema que deve ser resolvido pela União Europeia, pelos Estados Unidos, ou pelas Nações Unidas? E pode ser resolvido como: pelo diálogo ou através da intervenção armada?
Respostas para ppm@revista-atlantico.com. Obrigado.
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:33 | 2 comments
sábado, abril 22, 2006
Só um teste
Cara Europa, está na hora de acordar e perceber uma coisa: V. já não manda!
Europe is yesterday's news. Asia is tomorrow's.
Henrique Raposo | 21:51 | 8 comments
sexta-feira, abril 21, 2006
Berlusconi brilha em concurso mundial
Parabéns ao André pelo excelente trabalho.
Tiago Geraldo | 19:31 | 4 comments
A Revista Atlântico associa-se
A segunda Conversa sobre Política Externa, encontros off-the-record com diplomatas em serviço em diversas embaixadas em Lisboa, onde foi conferencista GUILLAUME BAZARD, Conselheiro de Assuntos Internacionais da Embaixada de França, teve um elevado nível de qualidade.
Nesta linha, vamos promover a terceira sessão-debate, desta vez com a presença de JOSÉ MARÍA RODRIGUEZ COSO, Conselheiro Político da Embaixada de Espanha, no próximo dia 27 de Abril, quinta-feira, entre as 18 e as 20 00 horas, nas instalações do CHRIS, Rua Vieira Portuense, nº 24, 2º, em Belém.
JOSÉ MARÍA RODRIGUEZ COSO, possuidor de vasta experiência diplomática, foi voluntário das Nações Unidas no Médio Oriente e em África e serviu no Líbano, no Golfo (durante a primeira guerra), na Índia e no Bangladesh; e foi cônsul de Espanha em Buenos Aires (Argentina) e em Havana (Cuba).
Como sucede habitualmente, será enviada previamente ao conferencista uma lista dos participantes, incluindo a idade, a formação e a ocupação, pelo que agradecemos a confirmação da vossa presença e a indicação dos dados antes do dia 21 de Abril.
Cordialmente,
PATRÍCIA EDELINE
Directora
CHRISTELLE RODRIGUES
Coordenadora do CHRIS
PATRÍCIA MERA
Coordenadora do Projecto
Conversas sobre Política Externa
Paulo Pinto Mascarenhas | 17:43 | 0 comments
Reviver o Passado Atlântico (Nº11)
(todos os meses na revista Atlântico)
Sejamos sérios. A definição de melómano do dicionário da Academia das Ciências de Lisboa é insuficiente e – bem pior do que isso – subtilmente optimista. Fala em “pessoa que tem grande paixão pela música”. Como se isso fosse uma coisa boa. E recomendável. Como se a vida do melómano não fosse uma vida de sofrimento e discriminação, sobretudo por parte dos media. O melómano é um Garcia Pereira que gosta de discos.
Aqui ficam, com o objectivo de desfazer idealismos e equívocos vários, algumas definições menos românticas. Melómano é o indivíduo que tem de subornar a empregada para que ela dê um arranjo no escritório. É a pessoa que está sempre a ouvir alguém (mesmo o tio-avô com comprovados problemas de surdez) a dizer “mete um bocadinho mais baixo, se faz favor”.
É o cidadão que, já com o orçamento nitidamente deficitário, ainda sai de casa com o propósito de comprar um disco novo. E que depois volta para casa com oito discos novos (chegou ao caixa com 15 CD’s nas mãos, mas depois teve problemas de consciência e recolocou-os melancolicamente e com alguma vergonha nas prateleiras). Melómano é, portanto, o cidadão que entra em casa com o saco da Fnac escondido dentro do casaco – e que tem de ocultar da família todos os vestígios das aquisições sonoras - preços, plásticos, etc. - em alturas de crise.
Melómano é a criatura que, sem que possa fazer nada contra isso, mais facilmente se lembra do nome do irmão do teclista suplente da sua banda favorita na adolescência do que do nome da namorada que teve na altura – e que hoje, muito provavelmente, é a sua mulher. É o personagem que, na subcategoria melómano alternativo, mostra-se capaz de falar entusiasmadamente de edições limitadas de bandas lituanas com nomes estranhíssimos como se falasse do Rodrigues dos Santos ou da última promoção do Lidl.
É o contribuinte que considera serviço público a transmissão televisiva de um documentário sobre uma altura dominada por uns sujos rapazes que não sabiam tocar e gostavam de dizer palavrões porque sim (vulgo época punk). E é o pai de família que se encontra em casa a dedilhar uma croniqueta de costumes musicais num domingo à tarde, enquanto a mulher e os filhos estão a ser felizes algures (se bem que isto também serve como definição para pessoa que deixa tudo para a última hora; ou seja, para “português”).
Sim, o Professor Daniel Sampaio tem nova companhia. A imprensa portuguesa conta com mais uma coluna sobre problemas do foro psiquiátrico.
Paulo Pinto Mascarenhas | 16:40 | 0 comments
Reviver o Passado Atlântico (Nº11)
A pergunta para este mês é: poderá um blogue ser como um programa de televisão? A pergunta dirige-se, com toda a naturalidade e pertinência, a todos os que elegantemente chafurdam neste fenómeno de minorias. Há quase três anos que «bloggers» lusitanos escrevem «posts» atrás de «posts», com cara alegre, olhinhos raivosos e à borla. Muitos «bloggers» acreditam que a distância que os separa do vizinho jornalista ou escritor é essa grande porcaria a que chamamos dinheiro. Não seja por isso: anote-se no moleskine que «post» e artigo de opinião são sinónimos e esqueçamos o vil metal. Resolvida a questão, apelo a que a blogosfera se separe da imprensa escrita, antes que seja concluído o seu processo de chatização. A blogosfera não é a repetição da repetição!
Compreendo que as semelhanças com um programa televisivo sejam difíceis de imaginar, mas façamos um esforço.
Por mero acaso, conheço um blogue que é um autêntico programa de televisão: A Causa Foi Modificada (acausafoimodificada.blogspot.com). O autor, apresentador e dono da série assina com o pseudónimo maradona (com minúscula). Quase tudo o que vemos num programa de televisão está ali: erros ortográficos, como nos rodapés dos noticiários; imagens (fixas, é certo, não se pode ter tudo); um tom coloquial num conteúdo ora erudito ora futebolístico, misturado com vernáculo utilizado com elegância (na televisão não há disso) e total liberdade.
No blogue do maradona não há memória e é precisamente essa falta que o distingue de todos os outros blogues, sempre muito preocupados com os seus arquivos (medo da morte, pois) e com as suas datas de aniversário. O maradona apaga regularmente os seus «posts», tendo chegado, uma vez, a entregar o blogue a um desconhecido teclador, que, aflito e arrependido, passada uma semana, o devolveu ao autor. A Causa Foi Modificada tem o mesmo efeito de um óptimo programa de televisão: lembramo-nos das cenas memoráveis. Mas será como uma série do canal Fox, por exemplo, que nunca se consegue gravar.
Há na blogosfera quem guarde os seus «posts», fazendo um «copy/paste» para um porto seguro, contrariando assim a vontade do autor. São boas almas, impressionadas com o despojamento e com vontade natural e carinhosa de contrariar a efemeridade inquietante a que o maradona obriga os seus excelentes textos. Espero que um dia saia o DVD.
Lincar sempre: Alexandre Soares Silva (soaressilva.wunderblogs.com).
Nunca lincar: Blogues com caixas de comentários; ou seja, mais de metade da blogosfera lusa. Só para começar.
Paulo Pinto Mascarenhas | 16:14 | 0 comments
Este domingo, "Descubra as Diferenças"
Com Vasco Rato e Luciano Amaral, no Descubra as Diferenças, falaremos sobre a Constituição e o 25 de Abril, o relatório do Banco de Portugal e a oposição, o Iraque e o Irão, a morte no Morangos com Açúcar. Domingo, Às 11h da manhã com repetição às 20h.
Na Rádio Europa (90.4 FM).
Paulo Pinto Mascarenhas | 12:08 | 1 comments
quinta-feira, abril 20, 2006
Nova aventura
Isto é só o início. Obrigado, Tiago. Agora apetece escrever aqui.
Paulo Pinto Mascarenhas | 23:59 | 2 comments
Terra à vista
A Revista Atlântico tem, como se sabe, uma forte repercussão mediática na blogosfera e é no debate e na discussão que todos os meses se trava à volta dos artigos da Revista que queremos participar.
A partir de hoje os mares revoltos e as ondinhas passageiras passam a receber o devido troco deste oceano atento e inconformado.
Tiago Geraldo | 22:05 | 3 comments
A propósito do primeiro ano de Bento XVI
Elogio de Bento XVI
Por Paulo Tunhas
Numa altura em que a formidável regressão islâmica, na sua dedicação ao ódio e no seu aplauso à morte, dá a pior imagem possível da crença religiosa, conforta constatar que não tem de ser sempre assim. Aquilo que aprendemos a apreciar – a bondade, a inteligência, o amor, o desejo de liberdade e de melhor viver – tem guarida noutras crenças. Como prova a encíclica Deus caritas est de Bento XVI
Permito-me começar por uma pergunta interesseira. Pode um ateu, filho de pais ateus e, muito coerentemente, não baptizado, admirar a encíclica Deus caritas est de Bento XVI? Resposta. Pode perfeitamente, e acrescentaria mesmo: deve.
Porquê? Porque se trata de uma excelente meditação sobre a época actual, uma época, como é dito na Introdução, em que “ao nome de Deus se associa por vezes a vingança ou mesmo o dever do ódio e da violência”. E a utilidade da sua leitura não vem apenas da finura de espírito de Joseph Ratzinger, conhecida de quem quer que o tenha lido antes. Claro que ajuda imenso. Mas vem também da prova concludente que oferece de um facto que, sendo simples e banal, os tempos militantemente se encarregam de obscurecer: a religião pode ser um veículo de sabedoria (é, apesar de tudo, a palavra que convém), e, nessa sabedoria, ou na busca dela, crentes e não-crentes podem encontrar-se. Não se trata de atenuar sentimentos anticlericais patetas e muito sobreviventes até, ignorantes de si, sob vestes de respeito e afectos ecuménicos. Trata-se mesmo da constatação da possibilidade de um encontro, e isso, particularmente nestes dias, aquece o coração.
A primeira parte da encíclica é dedicada ao conceito de amor. Bento XVI exprime obviamente o ponto de vista da Igreja – mas exprime-o, e isso é que é precioso, de uma forma que, sem minimamente se diluir em abdicação da especificidade católica, é compreensível e em larga medida apropriável pelos não-crentes. Do princípio ao fim da encíclica, sem uma única falha, é esta atitude mental que é admirável. Tome-se, por exemplo, o que é dito sobre a relação entre eros, philia e ágape. Bento XVI procede por uma distinção erudita e precisa do campo semântico das palavras. E depois mostra convincentemente como eros e ágape (a caridade) devem conviver. A riqueza destas páginas não deixa dúvidas sobre a competência filosófica de quem as escreveu. Elas valem por si.
É indiscutível que na matéria do amor as regras são sempre más quando não são descobertas, ou criadas, em parte, pelo próprio. Ou, melhor dito, quando não há espaço, dentro da sociedade, para as decisões individuais e para a dignidade ganha na luta contra o viver pouco. Num certo sentido – sem que isso, de resto, vá dar a qualquer relativismo -, pão ou pães é questão de opiniães, como dizia o jagunço de Guimarães Rosa. O que espanta, no entanto, nesta encíclica, é que o próprio plano em que se coloca a reflexão de Bento XVI exclui qualquer violência no juízo. E, deve-se acrescentar, qualquer niquinho de sapiencialidade rebarbativa.
Há uma doutrina sólida, expressa com subtileza óptima – as páginas sobre o amor a uma “única pessoa”, “para sempre”, ou sobre o “próximo”, ou sobre o “amor possessivo” e o “amor oblativo”, entre muitas outras, são fascinantes -, mas ela é apresentada como doutrina da Igreja, uma doutrina que esta não tem por missão implementar politicamente. Solidez doutrinal e amor da liberdade não são incompatíveis. Um escândalo para os incréus mais militantes, e, suponho, para muita gente que, dentro da Igreja, gostaria de a ver, saltitona e lampeirinha, aos beijinhos às dietas mentais do século.
Mas não é isso que é, para o não-crente, o mais importante nesta encíclica. O mais importante é, por exemplo, o que lá vem escrito sobre a autonomia do político – a “autonomia das realidades temporais” - por relação ao religioso. A esfera da política é a esfera “da razão auto-responsável” (Weber vem, apesar da distância toda, ao espírito), e ela visa a “formação de estruturas justas”. “A justa ordem da sociedade e do Estado é o dever central da política.” Não o da Igreja. Mais: é negado explicitamente que caiba à Igreja “impor, àqueles que não compartilham a fé, perspectivas e formas de comportamento” que à Igreja pertencem. Quando muito deve a Igreja, “pela via da argumentação racional”, tentar fazer valer os seus pontos de vista sem se colocar ao serviço de “partidos e ideologias” e de “estratégias mundanas”. Parece simples e óbvio? Os tempos que correm desmentem absolutamente que seja simples e óbvio.
Aqui, vale a pena lembrar a actualidade. Nada mais arredado da elementar compreensão das coisas do que a atitude daqueles que pretendem pôr no mesmo plano cristianismo e islamismo. (Não é necessário explicar porque é a comparação com o islamismo que naturalmente ocorre.) É uma solução de facilidade para quem não se arrisca a pensar, quer dizer: a exercer a sua faculdade de julgar. A posição de Bento XVI não surge do nada: ela prolonga uma tradição que quase se poderia dizer encontrar-se nos antípodas da do Islão. Uma tradição que é beneficiária da herança judaica, grega e romana. E se nos concentrarmos no presente – como, de certo modo, temos a obrigação de o fazer -, então mais urgente se torna distinguir. As crenças não convivem todas num éter difuso e insubstancial, as continuidades não anulam as descontinuidades e diferenças entre elas. Nem se vê que tipo de razão haveria para que assim tivesse que ser (permito-me sublinhar que, no contexto em que vivemos, este comentário não é trivial). A ausência de juízo releva aqui da preguiça e de motivações ideológicas e políticas que encontram nessa diluição das distinções um apoio estratégico oportuno mas totalmente desprovido de fundamento. As declarações piedosas (e já de si, diga-se de passagem, muito discriminatórias) sobre as “religiões do Livro” são, na maior parte dos casos, um colossal embuste.
Mas voltemos à encíclica. A defesa da caridade como missão da Igreja – mas não só da Igreja: Bento XVI refere que a Igreja é apenas uma das “forças vivas” que devem apoiar as “pessoas carecidas de ajuda” - é, de igual modo, convincente. Um dos seus assentos é a convicção de que um Estado “que queira prover a tudo e tudo açambarcar, torna-se, no fim de contas, uma instância burocrática” que deixa de fora “a amorosa dedicação pessoal”. As “estruturas justas” não tornam supérfluas “as obras de caridade”. O pensamento sobre as funções do Estado, aqui e noutras passagens desenvolvido, bem como aquilo que é dito sobre a complementaridade da justiça e da caridade, constituem um dos pontos mais importantes da encíclica.
Por último, Bento XVI lembra, em perfeita coerência, que a fé que a encíclica recomenda nos salva “da prisão das doutrinas fanáticas e terroristas”. No fundo, trata-se do corolário de todo o pensamento da encíclica. A acção comum da política como exercício da busca de uma sociedade justa, onde bem viver seja possível, e da caridade, praticada na Igreja e fora da Igreja, formam um poderoso obstáculo ao fanatismo.
Pela minha parte, fico contente pelo facto de a autoridade espiritual da religião dominante na parte do mundo em que vivo pensar e escrever assim. Tão simples quanto isso. Em todo o documento, nada há que ofenda um ateu ou que ambicione uma indevida jurisdição sobre os seus actos. Nada há que faça corpo comum com as intolerâncias que alegremente varrem o mundo. Tudo isto, repito, sem que a mensagem propriamente religiosa se dissolva num confuso magma ideológico ao gosto de todos ou de uns poucos. Muito pelo contrário: a segurança doutrinal da encíclica, volto a repetir, é impecável. E, por sobre isto, o que Bento XVI escreve sobre o amor, a justiça, a autonomia do político e a caridade levam, no mínimo, a reflectir (sobre o amor, por exemplo), e, em certos casos (a relação entre justiça e caridade), merecem aplauso inteiro.
Numa altura em que o retorno do arcaico, a formidável regressão islâmica, na sua dedicação ao ódio e no seu aplauso à morte, dá a pior imagem possível da crença religiosa, conforta constatar que não tem de ser assim, e que aquilo que aprendemos a apreciar – a bondade, a inteligência, o amor, o desejo de liberdade e de melhor viver – tem guarida dentro de outras crenças. Pela força das circunstâncias, pela pressão do século, pelo confronto com os momentos que, na história do Ocidente (sem aspas e com boa consciência), marcaram mais decisivamente a história da liberdade? Sem dúvida. Mas também – é imperativo reconhecê-lo - pela sua própria natureza e por um lógica interna do seu desenvolvimento, sem a qual a reflexão cristã não poderia obviamente ser o que é. As religiões, todas iguais umas às outras? Valha-nos Deus!
Há mais de vinte anos, porque andava interessado pela doutrina da graça – uma das mais fascinantes doutrinas do cristianismo –, dei comigo a ler vários volumes de um Curso de Teologia Dogmática da autoria de Johann Auer. Li, além do Evangelho da graça, o volume sobre Os sacramentos da Igreja (óptimo, também) e o tomo dedicado à Escatologia, saído da pena de Ratzinger. A erudição e a agudeza de espírito do autor eram impressionantes. Reli-o há pouco e a impressão manteve-se. Um exemplo, quase escolhido ao acaso: “Em política trata-se daquilo que não é escatológico. Neste sentido, uma das tarefas fundamentais da teologia cristã é a de manter separadas a escatologia e a política.” Esta encíclica prova que Bento XVI mantém intactas as imensas qualidades do teólogo Ratzinger.
Temos sorte com o Papa.
Artigo publicado na edição de Março da Revista Atlântico
Paulo Pinto Mascarenhas | 01:06 | 0 comments
quarta-feira, abril 19, 2006
Domingos atlânticos
Paulo Pinto Mascarenhas | 22:47 | 5 comments
Blogue em construção
Estamos em trabalhos para apresentar um blogue melhor, mais interactivo e mais apresentável. Assinado pelo Tiago Geraldo, que fará parte da equipa inicial de colaboradores.
Até já.
Paulo Pinto Mascarenhas
Paulo Pinto Mascarenhas | 14:05 | 3 comments
terça-feira, abril 18, 2006
Ainda nas bancas
CRÓNICA BOÉMIA
Manhãs submersas
Desde sempre que o boémio tem de enfrentar um temível inimigo: as manhãs. O verdadeiro noctívago tem pavor à luz fria matinal e sabe que jamais será arrancado da cama antes das onze por bons motivos.
O que acontece de manhã? É preciso fazer análises, ao sangue ou à urina – em jejum, logo, de manhã. Médico. Consulta. De manhã, óbvio. A senhora do centro de saúde nem deu hipótese: “Fica logo para a oito”, disse, com um sorriso de boa samaritana, acrescentando, despudoradamente, “para ficar despachado e poder ir trabalhar à vontade”. Como se ‘trabalho’ e ‘vontade’ fossem palavras que, alguma vez, tivessem cabido numa só modesta frase.
Mais: reuniões com profissionais exemplares. Nada mais insuportável. Um tipo chega lá, com olheiras até ao queixo, barba de presidiário, um enigmático “pum, pum, pum” nos tímpanos, a tossir um pulmão que, há anos, requer a auto-determinação, e ali está ele, lavadinho, esticadinho, de gravata, gel, barba feita e sapatos engraxados, diante de nós, discorrendo sobre a maravilha das manhãs e de como, ainda antes de ir para ali, levou os miúdos ao colégio, tomou um pequeno-almoço principesco, fez duas horas de jogging e uma de yoga. Adiante.
Alexandre Borges
(Se quer ler mais, compre a revista Atlântico, ainda nas bancas).
Paulo Pinto Mascarenhas | 01:13 | 0 comments
segunda-feira, abril 17, 2006
Textos do nº 12 da Atlântico
O Big Brother e a nova agenda da velha esquerda
por André Azevedo Alves
O deputado britânico George Galloway constitui um excelente exemplo dos dilemas com que se confronta a velha esquerda europeia de inspiração marxista. Expulso do Partido Trabalhista em 2003 por, entre outros feitos, ter apelado a que os soldados britânicos se recusassem a obedecer às ordens recebidas, Galloway é actualmente o único representante nos Comuns do recém-criado Respect. O novo partido resulta de uma heterodoxa coligação que reúne, para além de Galloway, o Socialist Workers Party (de inspiração trotskista) e vários elementos destacados da Muslim Association of Britain, um grupo com ligações à Irmandade Islâmica.
Envolto em críticas por negligenciar a representação de Bethnal Green and Bow (círculo eleitoral por onde foi eleito) e privilegiar o seu protagonismo pessoal, Galloway participou recentemente como concorrente numa edição do Big Brother dedicada a celebridades. Apesar de não ter conseguido ficar até ao final, a sua presença no programa ficou marcada por vários episódios caricatos, entre os quais a sua imitação de um gato a beber leite das mãos de uma outra concorrente. A participação de Galloway no Big Brother foi aliás o culminar de uma série de actuações, mais ou menos folclóricas, calculadas para obter visibilidade mediática. Basta a este propósito recordar o que aconteceu quando, em 2005, foi confrontado numa comissão do Senado dos Estados Unidos com alegações de que teria recebido contrapartidas no âmbito do programa “petróleo por alimentos” da ONU graças às suas ligações ao regime de Saddam Hussein. Nessa altura, o deputado britânico aproveitou a sua reconhecida vocação oratória e populista para transformar o seu testemunho numa performance que pouco terá ficado a dever ao que se passou ao longo da sua presença no popular concurso televisivo.
O carácter quase caricatural da actuação de Galloway, que não se cansa de disparar insultos contra Bush, Blair e o “imperialismo capitalista” nas centenas de discursos que realiza ao longo do ano, pode gerar a tentação de o considerar uma excentricidade anacrónica e irrelevante. Isso seria, no entanto, um grave erro. Galloway e o seu Respect são um exemplo privilegiado da mutação levada a cabo por grande parte da extrema-esquerda europeia na sequência do fim da Guerra Fria e da aceitação da superioridade da economia de mercado como forma de organização económica (com maior ou menor grau de intervencionismo) por parte da esquerda moderada. Face ao colapso absoluto do socialismo real, hoje restrito na sua forma tradicional a “paraísos” como Cuba ou a Coreia do Norte, a extrema-esquerda europeia perdeu o seu principal elemento de sustentação.
A falência dos modelos externos de referência (fossem eles a União Soviética, a China ou mesmo a Albânia) obrigou a extrema-esquerda europeia a reconverter-se. Historicamente derrotada e ideologicamente falida, essa recomposição passou em quase toda a Europa ocidental pelo esbatimento dos velhos temas marxistas no discurso público e pela adopção de causas sociais “fracturantes”, da defesa do multiculturalismo e de uma retórica visceralmente anti-globalização e anti-americana. Com o precioso auxílio de uma comunicação social maioritariamente simpatizante da sua agenda, a velha esquerda, nos seus vários segmentos, realinhou-se adoptando uma postura folclórica e populista. O correspondente discurso de indignação permanente numa sucessão de sound-bytes bem calculados visa apelar a camadas urbanas que já não estão, na sua maior parte, receptivas à luta de classes mas onde os preconceitos anti-capitalistas e anti-americanos, assim como os dogmas do pensamento politicamente correcto, encontram forte receptividade.
Esta recomposição da extrema esquerda, de que o Respect em Inglaterra e o Bloco de Esquerda em Portugal são bons exemplos, implica logicamente a concretização de alianças (explícitas ou tácitas) com todos quantos partilhem a mesma agenda negativa, ou seja, de oposição à globalização capitalista e particularmente aos Estados Unidos. Desde ambientalistas radicais até aos regimes populistas e autoritários de esquerda emergentes na América Latina, todos são bem vindos à plataforma. O caso porventura mais perigoso será o do namoro ao extremismo islâmico, como algumas posições assumidas durante a recente controvérsia sobre os cartoons dinamarqueses vieram demonstrar. Precisamente porque a nova agenda da velha esquerda é puramente negativa, mesmo perante a ameaça do terrorismo e a violência e intimidação orquestradas pelas forças islamitas radicais, a extrema-esquerda clama contra a “islamofobia”. Tanto os direitos das mulheres como a liberdade de expressão (aparentemente só aplicável quando se trata de atingir os cristãos) passam para segundo plano face à percepção de um aliado poderoso no combate contra as democracias liberais do Ocidente. Apesar da sua instabilidade intrínseca, é uma aliança perigosa e que não deve ser subestimada. Nada de construtivo poderá resultar dela mas poderá ter consequências destrutivas muito significativas. Não devemos esquecer que as democracias liberais são, pela sua própria natureza, frágeis e que os seus mais perigosos inimigos se alojam frequentemente de forma parasitária no seu interior.
Paulo Pinto Mascarenhas | 21:33 | 1 comments
Ainda nas bancas
O Homem da Margem
Maus tempos para viver
"Coube-lhe, como a todos os homens, maus tempos para viver".
Foi a "desertificação do interior" - expressão pandémica, gerada pela inultrapassável conjugação da ingnorância com a estupidez e uns pozinhos de mau feitio, sempre proferida em toada de choro e, lamento, muitíssimo em voga, por exemplo, na época de caça aos incêndios - que produziu boa parte do que são hoje as populações que cercam Lisboa e, a bem dizer, de qualquer outra cidade, em Portugal ou no Mundo (Bélgica incluída), assim como o gulag urbanístico que são Cacilhas e Feijó, Bracarena e Massamá, etc e etc. Esta escorrência centrípeta de pessoas em direcção a um ponto mais agradável à vidinha deixou as suas marcas: não se passa fome, vive-se mais tempo, tem-se televisores, frigoríficos, aspiradores, carros, máquinas eléctricas para cortar pão, jornais e revistas a tempo e horas, proximidade geral das coisas, o Estádio de Alvalade ali a meia hora (item em revisão).
maradona
(Se quer ler mais, compre a revista Atlântico, ainda nas bancas).
Paulo Pinto Mascarenhas | 21:26 | 1 comments
Pedro Ferraz da Costa sobre o CDS
Esboço da próxima capa por Lucy Pepper
A exigência pode ser interessante para um partido que deve querer crescer. Pedro Ferraz da Costa, um nome que dispensa apresentações, escreve no próximo número da revista Atlântico sobre o CDS que existe e o CDS que poderia e deveria ser maior.
Dia 27 nas bancas.
Paulo Pinto Mascarenhas
Paulo Pinto Mascarenhas | 18:19 | 3 comments
Atlântico a navegar
Estaremos em breve mais por aqui, esperando o contributo de todos, nos comentários e no envio de emails (para já pmascarenhas@portugalmail.pt). Enquanto não encontrarmos um patrocinador verdadeiramente liberal que queira inventar connosco um novo meio de comunicação social - desculpem a presunção -, começaremos assim mesmo, sem mais upgrades.
Paulo Pinto Mascarenhas
Paulo Pinto Mascarenhas | 18:13 | 2 comments
quinta-feira, abril 13, 2006
Ainda nesta Atlântico
Música para acordar bebés
O melómano é, sabemo-lo, um cidadão inquieto e dado à pergunta frequente. O quotidiano do melómano é atormentado por questões decisivas e dolorosas como: será que no próximo álbum o Morrissey vai fazer um dueto com o Bonga? Ou: em que banco o Neil Young tem conta: no BPI ou na Caixa? Ou então: o Chris Martin é ou não irmão do Ricky Martin? Mas há uma pergunta que, a partir do momento em que se torna pai, o melómano coloca todos os dias à sua ruidosa consciência: que música devo escolher para os meus filhos ouvirem enquanto crescem?
Nuno Costa Santos
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:09 | 3 comments
À Esquerda
O Outro
Gosto de pensar que sou uma pessoa tolerante. Tolerante ao ponto de escrever numa revista cheia de perigosos autores de direita suficientemente tolerantes (ou talvez irresponsáveis) ao ponto de me cederem uma coluna para escrever o que entender desde que seja à esquerda. Um dever fácil, portanto. E como não começar com o Outro? A noção está no centro da filosofia política de Carl Schmitt, o brilhante filósofo político alemão, não sem razão ligado ao nazismo. Ele defendeu que a política deve ser vista como uma forma de guerra em que o maniqueísmo é inevitável. Há o Nós e há o Outro. Há o Amigo e o Inimigo. Por muito interessante que seja esta abordagem do ponto de vista intelectual – como análise da vida política ou futebolística – levada à letra e à sua lógica conclusão leva à militarização da política e à aceitação da violência como forma legítima de política. A impossibilidade de um regime democrático estável nestas condições não oferece dúvidas. A direita e a esquerda democrática devem portanto rejeitá-la. A convivência com ideias contrárias é o preço, doloroso para alguns, estimulante para outros, de uma comunidade política verdadeiramente liberal, de um Estado de direitos.
Bruno Cardoso Reis
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:07 | 3 comments
Ainda nesta Atlântico
A vida dele também dava um filme
Uma consulta rápida nessa fantástica base de dados que dá pelo nome de Internet Movie Database, procurando a designação inglesa de Jesus Cristo, apresenta como resultado mais de 100 ocorrências. Ou seja, Jesus é personagem de cinema num número de filmes que ultrapassa a centena, datando o mais remoto dos primórdios do cinema e sendo os mais recentes títulos que ainda nem sequer estarão concluídos. Mesmo descontando cerca de uma dezena dessas referências como sendo apenas breves aparições (literalmente e não só) do Senhor, é um número muito respeitável. Não deverá haver outra personalidade (real ou imaginária) que tenha merecido a mesma atenção da indústria e da arte cinematográficas. Mais pios (quase todos uns pastelões, a começar por “A Túnica”) ou mais heréticos (e bem mais estimulantes, como “O Evangelho Segundo São Mateus”, “A Vida de Brian” ou “A Última Tentação de Cristo”), todos esses filmes ajudaram de certa maneira a espalhar a Sua Palavra e a dar conhecimento da Sua Obra, contribuindo para tornar Jesus Cristo mais célebre do que os Beatles. O êxito ainda recente da “Paixão de Cristo” de Mel Gibson, que foi, contra todas as expectativas, o maior sucesso de bilheteira nas salas de todo o mundo em 2004, dá fundadas razões para pensar que está garantida a perenidade da carreira de Jesus nos filmes (embora esteja, de momento, afastada a hipótese de uma “Paixão de Cristo II”).
Nuno Sena, O Cinéfilo
Paulo Pinto Mascarenhas | 12:48 | 0 comments
Ainda nesta Atlântico
Conservadores e Liberais
A plataforma comum a conservadores e liberais foi esta desde o início: o princípio de que as decisões que dizem respeito à vida dos indivíduos e famílias devem ser da responsabilidade desses indivíduos e famílias, e não de quaisquer burocratas animados por uma ideologia de mudança social
Rui Ramos
Paulo Pinto Mascarenhas | 12:45 | 1 comments
terça-feira, abril 11, 2006
Ainda nas bancas
Belmiro, o rei da OPA
Rui Ramos sobre a Constituição, conservadores e liberais.
Constança Cunha e Sá sobre as debilidades do PSD e do CDS.
Manuel Falcão sobre a parcialidade da TSF.
Maria Filomena Mónica sobre a Pátria.
Vasco Rato sobre José Pacheco Pereira e a Atlântico.
M. Fátima Bonifácio sobre o PCP de Jerónimo.
Luciano Amaral sobre os Óscares ideológicos.
Esther Mucznik sobre a clareza moral.
Paulo Tunhas sobre Freitas do Amaral.
João Marques de Almeida sobre a crise francesa.
Carla Quevedo sobre os blogues.
João Pereira Coutinho sobre Fernando Gil.
Rita Barata Silvério sobre o último de Almodóvar.
Pedro Lomba sobre o realismo conjugal.
André Azevedo Alves sobre o ideal da taxa única.
Bruno Cardoso Reis sobre a esquerda.
João Pedro Marques sobre a História nos tribunais.
Francisco Mendes da Silva sobre Boris Johnson.
Nuno Garoupa sobre a ETA, o PP e Zapatero.
Henrique Burnay sobre a União Europeia.
Constantino Xavier sobre a Índia e os Estados Unidos.
João Luiz Neves sobre os tumultos no Rio de Janeiro.
Rodrigo Moita de Deus sobre marialvas e citações.
Henrique Raposo sobre a vida académica.
Bernardo Pires de Lima sobre livros.
E muito mais: Correspondentes de guerra, Notas do Mês, Verdade & Consequência, gostos, livros, vidas, discos, mulheres, roteiro de conferências e debates, viagem a Nova Iorque, Deste Mundo e do Outro, IndieLisboa 2006, etc.
E ainda, a grande revelação do mês: mARADONA - the man - como O Homem da Margem.
Nas bancas. Atlântico, uma revista para quem gosta muito de ler.
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:25 | 3 comments
segunda-feira, abril 10, 2006
Hoje, a não perder
É o primeiro debate organizado pela revista Atlântico em conjunto com o Centro de História Contemporânea e Relacões Internacionais e a Editora Edeline. A propósito do livro "A Ascensão ao poder de Cavaco Silva 1979-1985", de Adelino Cunha. Com moderação do jornalista José Eduardo Fialho Gouveia, a sessão tem como convidados os historiadores Rui Ramos e António Costa Pinto. Pelas 18 horas em ponto na FNAC do Chiado.
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:20 | 3 comments
Um livro que aconselhamos
Ordem, Liberdade e Estado
Uma reflexão crítica sobre a filosofia política em Hayek e Buchanan
a ter lugar no Rivoli (Cafetaria-Bar, 3º piso) no Porto, no próximo dia 12 de Abril de 2006, às 21.30, com apresentação de Paulo Castro Rangel e Rui de Albuquerque. A sessão será presidida por José Manuel Moreira.
Paulo Pinto Mascarenhas | 13:15 | 2 comments
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A NOSSA REVOLUÇÃO DE ABRIL - A SÉRIO E A BRINCAR
por RUI RAMOS E 31 DA ARMADA
O MAIS IMPORTANTE AINDA ESTÁ POR FAZER!
por ANTÓNIO CARRAPATOSO
A VELHA EUROPA E A NOVA INTEGRAÇÃO EUROPEIA
por VÍTOR MARTINS
DOIS ANOS DEPOIS
por JOÃO MARQUES DE ALMEIDA, LUCIANO AMARAL e PAULO PINTO MASCARENHAS
COMO O ESTADO MATOU O COZINHEIRO ALEMÃO
por PAULO BARRIGA
O PACTO
por PEDRO BOUCHERIE MENDES
Descubra as Diferenças»
Um programa de opinião livre e contraditório onde o politicamente correcto é corrido a 4 vozes e nenhuma figura é poupada.
Com a (i)moderação de Antonieta Lopes da Costa e a presença permanente de Paulo Pinto Mascarenhas. Sexta às 19h10.
Com repetição Domingo às 11h00 e às 19h00.
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